Formando em direito, Vinicius Cruz, de 34 anos, pode se considerar um felizardo quando o assunto é Jiu-Jítsu. O faixa-preta, formado pelo Grande Mestre Carlson Gracie, acompanhou de perto o nascer de uma das maiores equipes da história do esporte. Na época de ouro da academia de Carlson, situada em Copacabana, Vinicius dividia o tatame com feras do calibre de Wallid Ismail, Ricardo Libório, Murilo Bustamante, Amaury Bitteti, Zé Mário Sperry, Paulão Filho, Ricardo Arona e muitos outros.
- A lembrança é muito boa. Era praticamente uma família – passávamos mais tempo lá do que em casa. O Carlson era um exímio treinador, ganhávamos 95% das competições que disputávamos, do mais leve ao mais pesado. Nunca mais vai ter uma equipe igual – disse.
Apesar de ainda ministrar aulas particulares de arte suave, o carioca seguiu um caminho um pouco diferente da maioria de seus amigos. Além de trabalhar em um escritório de advocacia, ele dedica parte de seu tempo a escrever poesias.
- Tenho grandes amigos poetas, como o Pedro Lago e o Sérgio Gramático, que me influenciaram a fugir um pouco do tom jornalístico de se escrever. Não exponho muito essa minha veia poética, muitos dos meus amigos do Jiu-Jítsu nem sabem que escrevo – disse Vinicius que se espelha em Alphonsus de Guimaraens, Carlos Drummond de Andrade e Pablo Neruda, todos poetas renomados.
Confira abaixo um poema do casca-grossa sobre Jiu-Jítsu:
Arte Suave
Encontrei-te ainda criança,
engatinhamos juntos
Despertou-me auto-estima, deu-me direção
Em sua companhia conheci o medo e a glória
Mostrou-me o que era equipe, senso de união
Grandes amizades construímos juntos
No dia a dia árduo entre chaves e apertos,
e das contusões que nunca vão embora
Os dias separados são de desespero
O sono some, o corpo ferve e a raiva aflora
A vida de um guerreiro exige disciplina
Contornos de suor, de casta devoção
Ao fim do longo dia em que limite inexiste,
resta um esqueleto exausto e alguma solidão
Deliciosa é a descarga de adrenalina
Quando ecoa no ginásio o chamado à guerra
Momento ímpar, que separa o joio do trigo
Vezes vilão, deprime a alma ao coro da derrota
Porém, na mão contraria do anterior dito
Que encontro indescritível tens com a vitória
Sabor de fruta fresca, de dever cumprido
Caminhar inabalável até o lugar mais alto
Pra colocar no peito a honra e o nome na história
Desabafo de um tempo, sempre na memória…
fonte:Blog Sensei
Nenhum comentário:
Postar um comentário